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sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

SABE-SE DAS AUSÊNCIAS



Um final de tudo
Do mundo, do todo

O horizonte do medo,
Das incertezas
Do caos
Que dentro se espalha
Em linha finita

Buraco sem luz
É só um tempo de reflexões
Que se fundem em alucinações
E o ausente divide-se em presente

clichê minúsculo

Alguém ensina
quando o amor com dor
não rima?

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Inconcisão


Palavra pensada não necessita ser registrada
Carimbo, cartório, contra-cheque
Tudo isso, ela não segue
Nasce, ali, inconcisa
Se ganha o chão da folha é porque perdeu a vergonha

sábado, 15 de dezembro de 2012

Preto no branco

As palavras têm opostos
Lados diferentes

O que tem no meio delas?

Nada consciente
É a morada da dúvida

Será que cabe uma vida entre o frio e o calor?
Claro e escuro
Pedra e saliva

Bem e mal
Pelicano e dinossauro
Pudor e despudor
Sorvete e carne de cordeiro

Quem tem medo do abismo?

Oração


Grita, grita

Ouve, ouve

Sem voz

A agonia

É tardia.

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

um

não me interessa a singularidade de uma palavra

se ela não transpassa o nível do vazio


ela extravasa

me ameaça

a ser outro


daquilo que foi e não deve ser

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Vertigem I

Fiz uma poesia
ela nunca conseguirá mostrar
como é grande o amor que tenho pra te dar

É audaciosa e pensa que pode ostentar
meu coração totalmente sem razão
quando fixa seu olhar

Fica até sem ar, todo sem sentido e cheio de ruido

Você é o motivo da vertigem.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Sobre


Buscam aditivos no lixo. 
É tenue a margem que os mantém na vida. 
Sobre o viaduto, a grade segura o que sobrou. 

domingo, 2 de dezembro de 2012

Melhor amigo


Quando começa a martelar
extinguem-se quaisquer chances de resistência às palpebras abertas

Rivotril. 

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

QUEIMA

Esquece a cabeça / Segue o sol/ Arde pensamento / Flutua a nuvem / Pede a unção / Refresca a chuva / Descansa a preocupação

Um inutensílio.


A poesia é um inutensílio. A única razão da poesia é que ela faz parte daquelas coisas inúteis da vida que não precisam de justificativa porque elas são a própria razão de ser da vida. Querer que a poesia tenha um porquê, querer que a poesia esteja a serviço de alguma coisa é a mesma coisa, por exemplo, que você querer que um gol do Zico tenha uma razão de ser, tenha um porquê, além da alegria da multidão. É a mesma coisa que querer, por exemplo, que um orgasmo tenha um porquê. É a mesma coisa que querer, por exemplo, que a alegria da amizade, do afeto, tenha um porquê. A poesia faz parte daquelas coisas que não precisam ter um porquê. Pra que porquê?

P. Leminski.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

no dicionário


Ciúmes. Ad. Significado: 45 graus no peito. Azedume no estômago. 

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Celeste


Uma colisão entre tempo e espaço, nuvem e sol, chuva e asfalto, e entre todos os opostos inimagináveis nos deu isso o qual singelamente batizamos de amor. 

Meu corpo pequeno no meio de tantas grandezas, sozinho em sua existência e único na suas diferenças foi presenteado com outro celeste corpo tao diferente, que hoje repousa amargo e doce. Quente e frio. 

E com todas as outras diferenças imagináveis sobre este igual amor.

Não será o primeiro.


É sempre bom lembrarmos que não, não somos as pessoas mais especiais do mundo pra quem amamos.
Que não somos a sua primeira transa.
Que não somos seu primeiro amor
Que não somos seu primeiro pedido de casamento.
Que não somos seus primeiros nheee, nhooo, awnnnn, s2, <3 p="p">
Que não somos seu primeiro motivo de ciúmes.
Que não somos a sua primeira causa de um ataque de nervos.
Que não somos sua primeira noite sem dormir.
Que não somos suas primeiras fotos mais lindas, engraçadas e fofas de casal.
Que não somos sua primeira alegria eterna.
Que não somos sua primeira coisa mais linda e mais gostosa do mundo.
Que não somos seu primeiro pra sempre.
Somos só o que temos, que é o hoje. E esse nunca será o primeiro.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Metrô


Me perdi no vagão do Metrô.

Confundi as estações e não desci.

To tentando achar o sentido que devo seguir.

Só preciso encontrar onde me achar, em qual estação vou estar.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

lost in translation

a gente nem se procurou
mas se encontrou. foi assim.

segunda-feira, 8 de outubro de 2012


Só pra dizer
Que nas coisas mais banais
No raio do sol
No arroz com feijão
No leite morno
Na tv ligada
No gibi amarelado
Na cama desarrumada
Tem você

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

seu passaporte pra vida/
não implica/
que ela deva ser vivida//

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

cegueira

não digo da profunda brancura que cega
mas da lucidez que se faz presente no que se sente

domingo, 23 de setembro de 2012

Vai


                                             
Quando era criança, costumava chorar sozinha.
Antes de dormir, puxava o cobertor pra cobrir a cabeça. 
Não soluçava, não emitia um gemido sequer. Mas chorava. 
Sentia-se sozinha. 

Uma sensação de total vazio. O mundo era um buraco e ela se fazia um cisco de pó naquela imensidão negra. 

Hoje, chora sozinha, no chuveiro. 
Uma maneira de não admitir o choro, que enquanto água que cai dos olhos e se mistura com a correnteza do banho, não assume o pranto.

Não se sente mais o ínfimo nada de pó. 
Se enxuga, veste algo e se perfuma. Sai pra rua em direção a mais um domingo.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012


Escrevi cores
Cheirei sabores
Senti imagens
Enxerguei sons
Será que a palavra é o que cabe aqui dentro?
não sei o porquê 
estou pensando tanto em escrever

sendo que esta palavra ingrata

um por cento do que aqui se passa, ela não relata.

li um poema que estava escrito em meu cérebro
escapou, fugiu, se esvaiu
no labirinto infindável
da palavra pensamento

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Outro

Recochetear entre saber onde vai dar

E nada

Desesperar já não dá

Chorar, diluir, esvaziar

Vá dormir para ser dia, novamente

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

cura

era uma adolescente cheia de teorias.

 a primeira vez que botou o pé no consultório, a terapeuta olhou e disse: você nunca vai encontrar a cura nas linhas dos livros.

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

palavra pensa que é pensada mas só é vomitada

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Se você tiver que escolher entre você e o seu amor
Você escolhe quem, você escolhe quem?


terça-feira, 21 de agosto de 2012

Marejo solúvel


Só precisava de um gole de café
Pra afastar essa maré de sono 
E falta de fé

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Rubra


Rubra esverdeada
Mordo ela deságua
Carambola, cheia d`água

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

De leve


De leve, maltrata
Afaga duramente
Desculpa-se

Vê o terno azul, tira os ciscos brancos
Irrita o detalhe
Corre, sem pressa

Para e já não olha ao redor
Só o próprio umbigo
Recheado de pequenas mágoas

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Disfarce


Nao me refiro especialmente
A ninguém nem a nada

Só às nuvens acinzentadas
Que voam sobre minha cabeça

E o céu que nao tem se disfarçado de azul

quinta-feira, 21 de junho de 2012

zunir

A CIDADE ZOMBE O BARULHO

QUE MARTELA NO OUVIDO

E EXPLODE NO PEITO O ZUNIDO

terça-feira, 12 de junho de 2012

Desperdício

Estou preparada para fazer isso
Só não pergunte o porquê
Não lamento mais o que chamara desperdício

domingo, 15 de abril de 2012

bordô

Qm sou eu? Essa pessoa que a tv nao mostra Que o radio nao toca? O q posso querer ser? Alem de ser alguem q nao é visto Que no comercial confia como um mito No que crer? Na imagem q nao me reflete Q impoe um deus inerte Querem q seja nada  Alem da voz q nao ecoa Da ideia q nem com o vento voa

segunda-feira, 2 de abril de 2012

o fim do mundo (tomar corpo) - Gherasim Luca

 eu te floro
tu me fauna

eu te pele
eu te porto
tu me janela
tu me ossa
tu me oceana
tu me audacia
tu me meteorita

eu te clavo de ouro
eu te extraordinario
tu me paroxisma

tu me paroxisma
e me paradoxa
eu te cravo
tu me silenciosamente
tu me espelha
eu te mostro

tu me miragem
tu me oásis
tu me pássaro
tu me inseta
tu me catarata

eu te luo
tu me nuvem
tu me maré alta
eu te transparento
tu me penumbra
tu me translucida
tu me vazio castela
e me labirinta
tu me paralaxa
e me parabola

tu me em pé
e deitado
tu me obliqua

eu te equinocio
eu te poeto
tu me dança
eu te particularmente
tu me perpendicular
e sótão

tu me visível
tu me silhueta
tu me infinitamente
tu me indivisível
tu me ironia

eu te frágil
eu te ardento
eu te foneticamente
tu me hieroglifa
tu me espaça
tu me cascada
eu te cascado
é minha vez mas tu
tu me fluida
tu me estrela cadenta
tu me vulcanica

nós nos pulverizável
nós nos escandalosamente
dia e noite
nós nos hoje mesmo
tu me tangenta
eu te concentrico
tu me solúvel
tu me insolúvel
tu me asfixiante
e me libertadora
tu me pulsadora

tu me vertija
tu me êxtase
tu me apaixonadamente
tu me absoluta
eu te ausento
tu me absurda

eu te narino eu te cabelo
eu te quadril
tu me sombria
eu te seio
eu busto teu peito teu rosto então
eu te corpete
tu me odora tu me vertija

tu deslizas
eu te coxo eu te caricio
eu te estremeço
tu me escalas
tu me insuportável
eu te amazono
eu te garganto eu te ventro
eu te saia

eu te suspensorio eu te baixo eu te Bach
sim eu te Bach para cravo seio e flauta
eu te tremo
tu me seduzes tu me absorves
eu te disputo
eu te arrisco eu te escalo
tu me escovas
eu te nado
mas tu tu me redemoinhas
tu me afloras tu me cernas
tu me carne couro pele e mordida
tu me preta calcinhas
tu me bailarinas vermelhas

e quanto tu não salto alta meus sentidos
tu os crocodilas
tu os focas tu os fascinas
tu me cobres
eu te descubro eu te invento
às vezes tu te livras
tu me lábio molhas
eu te livro e tu me deliras
tu me deliras e passionas
eu te ombro eu te vertebro eu te tornozelo
eu te pestano e te pupilo
e se eu não omoplato até meus pulmões
mesmo à distância tu me axilas

eu te respiro
dia e noite eu te respiro
eu te boco
eu te palacio eu te dento eu te garro
eu te vulvo eu te palpebro
eu te fôlego
eu te virilho
eu te sangue eu te pescoço
eu te perno eu te certezo
eu te bochechas e te veias
eu te mãos
eu te suor
eu te línguo
eu te nuco
eu te navego
eu te sombro eu te corpo e te fantasmo

eu te retino quando inspiro
tu te íris

eu te escrevo
tu me pensas

***um dos poemas mais profundos já escrito.

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

back to 15's wt no guilty

I dont wanna forever
If i have you
To look at me and say: 
There is no good bye
I love you
Lyrics: sarah

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

fine

broken. useless. alone. clueless. confused. betrayed. fragile. on the verge of tears. depressed. anxious. about to break down. ready to give up. pathetic. annoying. distant. lonely. bitter. heartbroken. lonely. rejected. crushed. empty. defeated. fine.

big time rush

quando os olhos fitam
explodem brilhos e cores

o sol se congela
as calotas polares derretem

põe-se em extinção
qualquer rastro de miséria no mais pobre coração

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Indelével

Nem sei mais
Se as pernas são minhas
Ou se não ando mais sozinho

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Tiramissu

Sempre disse que  não costumava terminar algo convidando a pessoa para um chopp. As partidas e os términos, pra ela, não exigiam este tipo de situação. Não achava desrespeitoso. Via desrespeito na omissão, mentira, calúnia, dissimulação. Já que os tempos contemporâneos ofereciam ferramentas que aproximavam as pessoas de uma maneira tão prática, por que desprezá-las?   Realmente se sentira chateada com a situação ocorrida. Acreditava que não imaginava, em nenhum momento, que encontraria a  irmã onde a encontrou. Mas ela corria este risco – por mais remoto que poderia ser -, visto que se tratava de um evento público, a céu aberto. Sabia, também, que não havia encontrado a amiga ‘pela rua’, como relatou na mensagem. Diante destes fatos, se sentiu chateada com a maneira que ela manobrou a situação. Entendia que, talvez, não quisesse ve-la de uma maneira tão amistosa, pois há mais de um mês não se viam. E seria um tanto quanto estranho, realmente, se encontrarem em um show com um bocado de coisas pra conversar. Pensava que o fato dela ter visto a irmã tenha incomodado-a, pois, obviamente que ela comentaria e logo faria cair por terra o pensamento que vinha alimentando: “quando chegar, vai me chamar pra sair”. Tonto, sim. Sabia. Diante desta explicação, achou bem justo um ponto final na situação. O ano passou e pensou: novas atitudes. Dizia isso porque refletiu bastante sobre o que se deu entre eles. Realmente, não queria mais o pouco que recebia. Nao queria mais ter medo de se entregar. Queria muito.  Queria poder se arrepender. Queria chorar. Queria sofrer. Queria atestar que o amor não é fácil - e nunca esperou que ele seria. Queria alguém que quisesse dividir estas msms conclusoes. Respeitava todos os seus motivos para agir como agia. Pensava q  toda nossa história justifica nossos atos. Mas nao queria mais viver de um amor que está sempre se subtraindo por medos e inseguranças - ainda mais quando está evidente e latente que ele seria maior, se fosse mais corajoso. Pensava que, com certeza, se encontrariam por aí. Afinal, tinham conhecidos em comum. Jamais evitaria estar no mesmo ambiente. Neste momento, pra ela, seria realmente inviável dizer todas estas coisas pessoalmente e, no final, dar um abraço, um tapinha nas costas e dizer: “nos vemos por aí”.  Preferia guardar no coração todos seus sorrisos.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

banho gelado

Acostumei ao
Banho gelado
Dormir com ar condicionado
Sono de seis horas por dia
Antes, eram 12, e nem o sol via

sorriso constante
Carinho fora de hora
gente q se adora

Trabalha sem parar
Entrega td q pode dar
Sem pensar nas contas a pagar

quadrado

cidade te deixa quadrado
qlqr coisa, fica espantado
da agua que vaza da janela em dia de chuva
Ao portao sem tramela

A moça da quitanda te engabela
O chefe impõe suas ideias pela guela
Vem a nuvem cinza
Deixa o humor ranzinza

Procura yoga
Joga bola
Fixa o pensamento na sola
Do final de semana que acaba
Com a tv atiçando a paraoia