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domingo, 23 de setembro de 2012

Vai


                                             
Quando era criança, costumava chorar sozinha.
Antes de dormir, puxava o cobertor pra cobrir a cabeça. 
Não soluçava, não emitia um gemido sequer. Mas chorava. 
Sentia-se sozinha. 

Uma sensação de total vazio. O mundo era um buraco e ela se fazia um cisco de pó naquela imensidão negra. 

Hoje, chora sozinha, no chuveiro. 
Uma maneira de não admitir o choro, que enquanto água que cai dos olhos e se mistura com a correnteza do banho, não assume o pranto.

Não se sente mais o ínfimo nada de pó. 
Se enxuga, veste algo e se perfuma. Sai pra rua em direção a mais um domingo.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012


Escrevi cores
Cheirei sabores
Senti imagens
Enxerguei sons
Será que a palavra é o que cabe aqui dentro?
não sei o porquê 
estou pensando tanto em escrever

sendo que esta palavra ingrata

um por cento do que aqui se passa, ela não relata.

li um poema que estava escrito em meu cérebro
escapou, fugiu, se esvaiu
no labirinto infindável
da palavra pensamento

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Outro

Recochetear entre saber onde vai dar

E nada

Desesperar já não dá

Chorar, diluir, esvaziar

Vá dormir para ser dia, novamente